15.03.2012 16:08 – Luis Nassif – Carta Capital

Os próximos dois anos serão decisivos para a viabilização do crescimento sustentado brasileiro. E não serão anos fáceis.

Dilma Rousseff terá que enfrentar interesses poderosos ao mexer nos juros e câmbio. Terá o desafio de reerguer uma indústria combalida. Não haverá o benefício de taxas de crescimento robustas. E ainda se terá pela frente o tsunami monetário.

Por tudo isso, a prudência não recomenda excesso de auto-suficiência, muito menos no campo político.

Uma das características da gestora Dilma sempre foi o de mirar o objetivo final e tratar sem dogmatismo as ações necessárias para se chegar lá. E não perder tempo com aquilo que não fosse fundamental para o se alcançar o resultado final.

Deveria aplicar os mesmos princípios agora, juntando à sua visão estratégica o componente político.

Nesse exato momento, o Executivo pouco depende do Congresso. Já conseguiu o relevante, a aprovação da DRU (Desvinculação das Receitas da União). A presidente nada em popularidade, o Congresso em desgaste. Apesar do desempenho pífio do PIB, no ano passado, o desemprego é baixo.

Mas a política obedece muito mais às regras da teoria do caos do que às ações programadas. Daqui a um ano, o cenário econômico poderá ser o seguinte:

* economia estagnada, enfrentando o tsunami monetário;

* base política fragmentada;

* velha mídia partindo para o terceiro tempo da guerra;

* uma multidão de políticos ressentidos, achando ter chegado o momento da forra.

Dilma entra na nova batalha com a energia de um grande comandante. Esses momentos são cruciais para montar as estratégias para quando a guerra começar.

O pragmatismo político de FHC e de Lula são boas lições a serem seguidas.