19/08/10 – 00:00 > FINANÇAS (DCI)
Empresas nacionais compram R$ 39,5 bi em ativos no exterior

Eduardo Puccioni    Andréia Henriques
SÃO PAULO –

No primeiro semestre de 2010 as companhias brasileiras foram às compras de empresas no exterior.

Segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), nos seis primeiros meses do ano, as companhias nacionais comparam o equivalente a R$ 39,5 bilhões em empresas fora do País. Enquanto isso, os estrangeiros adquiriram R$ 16,8 bilhões em ativos nacionais.

No primeiro semestre do ano, foram anunciadas 59 operações de fusão e aquisição, correspondendo a um montante de R$ 84,8 bilhões, o maior volume observado para este período desde 2006. O valor de 2010 registrou crescimento de 43,2% em relação ao do mesmo período de 2009.

Em número de operações efetivamente finalizadas, porém, o volume corresponde a R$ 37,2 bilhões, representando uma retração de 52% em comparação ao mesmo período do ano passado.

“O mercado está muito aquecido, assim como o foi no primeiro semestre do ano. Os empresários estão mais tranquilos com as notícias da crise na Europa. Esperamos ver os europeus mais ativos na ponta compradora no próximo trimestre”, explica Bruno Amaral, coordenador do Subcomitê de Fusões e Aquisições da Anbima.

A compra de companhias dos EUA por brasileiras, por exemplo, ficou em 20,5% do montante financeiro. Já a participação do volume de compra de empresas brasileiras por norte-americanas encerrou o período em 0,6%. No ano, do montante total de aquisições de estrangeiras por brasileiras, 77,1% foram empresas europeias. Dos investimentos estrangeiros no Brasil, destaque também para a Europa, com 63,6%.

Outro dado que chama a atenção foi a participação de empresas asiáticas nas brasileiras, que encerrou o semestre com 35,8%. “Esta participação era bem inferior no período anterior. A tendência é de empresas asiáticas comprarem brasileiras, principalmente empresas chinesas”, afirma Amaral.

Maiores operações

As cinco maiores operações anunciadas no período, lideradas pela joint venture entre a Shell e a Cosan, com volume de R$ 11,6 bilhões, totalizaram R$ 37 bilhões, volume correspondente a 43,6% dos anúncios totais.

Entre as outras operações mais importantes do ano, até o momento, estão: venda dos ativos de alumínio da Vale à Norsk Hydro no valor de R$ 8,5 bilhões; aquisição da Bunge Participações pela Vale, no valor de R$ 7 bilhões; e aquisição da BP dos ativos brasileiros da Devon Energy Corporation por R$ 5 bilhões. “Estamos prevendo um número recorde de volume de operações anunciadas para este ano, ultrapassando até mesmo os R$ 136 bilhões de 2007, nosso último recorde.”

Na participação por setor, no primeiro semestre o destaque ficou com o Agronegócio, que obteve 23,8% do volume total, seguido por Metalurgia e Siderurgia, com 20,2%, e Química e Petroquímica, com 16,8%. Por número de operações, a liderança também ficou com o Agronegócio, com 16,9%, seguido por Financeiro e Energia, ambos com participação de 10,1%.

“O setor de Agro liderou principalmente por conta da operação que envolveu a Shell e a Cosan. Espero para o próximo semestre um destaque nos setores de TI, com as operações da Vivo e Telefônica; e Oi e Telecom, além do setor de Logística e Transporte, por conta da operação da TAM com A LAN Chile”, acrescenta Amaral.

O coordenador da Anbima diz ainda que no setor financeiro sempre acaba acontecendo alguma operação significante, por isso o pôs também como destaque para o próximo semestre.

O mercado de fusões e aquisições bateu outro recorde no primeiro semestre, com a maior participação de operação acima de R$ 1 bilhão, correspondendo a 37,3%. Do total, 30,5% são de operações de R$ 1 bilhão a R$ 4,9 bilhões, 5,1% de operações de R$ 5 bilhões a R$ 9,9 bilhões, e 1,7% ficou com negociações acima de R$ 10 bilhões, representadas por Shell e Cosan.

No ranking dos bancos, o primeiro lugar por anúncio/valor ficou com o JP Morgan, com R$ 25,414 bilhões, seguido pelo Deutsche, com R$ 15,8 bilhões.