Líderes executivos com foco no longo prazo produzem mais lucro, mostra estudo
Quando os líderes corporativos devem se concentrar em ganhos de curto prazo ou optar por uma visão de mais longo prazo?
Aqueles que preferem a gestão de longo prazo encontrarão forte munição para defender sua estratégia em um novo estudo realizado por pesquisadores de gestão de empresas que concluiu que os líderes míopes, que não olham para o cenário mais distante, estão impedindo o progresso de suas companhias ao não investir em inovação e projetos arriscados.
Além do mais, eles dizem que mudar para uma perspectiva de longo prazo pode melhorar o desempenho operacional de uma empresa em várias medidas — retorno sobre ativos, lucro operacional e crescimento das vendas — num prazo de dois anos.
Em outras palavras, um maior direcionamento de ações para o longo prazo promove inovação e aumenta o valor de mercado, argumentam as autoras do estudo Caroline Flammer, da Faculdade de Administração Questrom, da Universidade de Boston, e Pratima Bansal, da Faculdade de Administração Ivey, da Universidade de Western Ontario. O artigo, com o título “Gestão de longo prazo pode criar valor?”, deve ser publicado no próximo número da revista setorial “Strategic Management Journal”.
Para determinar se os executivos com visão de longo prazo conseguem um melhor desempenho, as pesquisadoras identificaram 808 propostas de acionistas sobre remuneração de longo prazo de executivos entre 1997 e 2012 e examinaram as medidas aprovadas por uma pequena margem de votos.
As propostas de remuneração dos executivos incluíam prêmios em ações restritas, opções de ações restritas e planos de incentivos de longo prazo. As pesquisadoras mediram os efeitos de propostas aprovadas durante o ano da sua aprovação, um ano depois e três anos após a aprovação.
As autoras se propuseram a estudar empresas cujos líderes haviam feito uma clara ruptura com estratégias de curto prazo. Com isso, se concentraram em diretores-presidentes que podem não ter visto as mudanças que viriam de propostas de incentivo de longo prazo aprovadas por uma margem pequena de votos.
Os ajustes de compensação levaram os diretores-presidentes a adotar estratégias de longo prazo. Após a aprovação de incentivos de longo prazo, as pesquisadoras verificaram que as empresas impulsionaram seus esforços para inovar e investir em projetos arriscados mais voltados para o futuro. Mais especificamente, as empresas ampliaram seus gastos com pesquisa e desenvolvimento, o que levou a um aumento no número de patentes que obtiveram.
A visão de longo prazo é exemplificada pela diretora-presidente da PepsiCo Inc., Indra Nooyi. A executiva identificou a saúde e o bem-estar como uma das maiores oportunidades de crescimento da empresa quando ela assumiu o comando, em 2006.
Nooyi tem impulsionado os gastos com P&D e prometeu transformar a fabricante de refrigerantes açucarados em uma companhia onde o crescimento das vendas de produtos saudáveis irá superar o do restante do seu portfólio até 2025.
Flammer adverte que os resultados da pesquisa podem não ser válidos para pequenas empresas de capital aberto e empresas que têm acionistas passivos. Há também um tesouro escondido na pesquisa para os executivos adeptos da estratégia de curto prazo.
Flammer e Bansal descobriram que as empresas cujos conselhos de administração aprovaram com margem estreita propostas de incentivo de longo prazo para seus executivos viram as cotações de suas ações subirem 1,14% no dia em que as medidas foram aprovadas em comparação com empresas onde as propostas dos acionistas foram rejeitadas com uma pequena margem.