A matéria abaixo foca de maneira lúcida como a nação Alemã, apesar dos problemas, e que não foram poucos, conseguiu por vezes, retomar com eficiência e planejamento, a condução do seu povo.

Eu já havia comentado com vários amigos a minha percepção de como poderíamos evoluir sem que o sistema brasileiro, como um todo, ficasse refém das pequenas estruturas e sim que todos se voltassem o pensamento e os atos para a nossa nação e a tornássemos um excelente País.


A Alemanha apresentou dois aspectos decisivos para o sucesso do país: disciplina rigorosa e elevada eficiência técnica e operacional

Um país é pobre quando seus habitantes não desfrutam de níveis confortáveis de moradia, alimentação, saúde, saneamento, educação e lazer. Também são típicos de países pobres a existência de precária infraestrutura, elevada taxa de mortalidade infantil, cidades sujas e violência urbana. O objetivo primeiro de qualquer sociedade e de qualquer governo deve ser sempre o progresso material necessário ao desenvolvimento social, e os dilemas das nações giram sempre em torno de como alcançar esse objetivo.

Uma questão bastante examinada por economistas e estudiosos do desenvolvimento é a recuperação e o desenvolvimento da Alemanha nos últimos 70 anos, após o país ter sido derrotado em duas guerras mundiais. Embora sejam vários os elementos envolvidos na explicação, a Alemanha apresentou dois aspectos na execução dos investimentos públicos e dos privados, sobretudo na área da infraestrutura física, que foram decisivos para o sucesso do país: o primeiro, a disciplina rigorosa; o segundo, a elevada eficiência técnica e operacional.

Somente no curto espaço dos 20 anos entre 1948 e 1968, a Alemanha reergueu a infraestrutura física e reconstruiu seu parque industrial, fatores fundamentais para o elevado padrão de bem-estar social alcançado por sua população. A eficiência econômica revelou-se na capacidade de estabelecer um plano bem estruturado de recuperação, no rigoroso planejamento das obras e na capacidade de cumprir os cronogramas físicos e financeiros na execução dos projetos. A capacidade de planejar e executar com eficiência foi de tal ordem elevada que apenas nas duas décadas seguintes ao fim da Segunda Guerra Mundial o país já era uma das nações mais desenvolvidas do mundo.

O povo alemão é conhecido por sua disciplina quanto a horários, prazos e na execução de tarefas técnicas, além da cultura de obediência às leis e às regras sociais não escritas. O economista Ludwig Erhard, principal autor das ideias e dos planos da recuperação alemã, estabeleceu quatro pilares sobre os quais o país deveria basear seu desenvolvimento: liberdade, eficiência, estímulo à iniciativa privada e investimentos em ciência e tecnologia. A missão foi cumprida, e uma das razões foi que, apesar dos danos materiais causados pela guerra, os níveis de educação da população eram elevados para os padrões mundiais da época.

É possível argumentar que o sofrimento resultante da guerra facilitou a aceitação de sacrifícios, o trabalho duro e a parcimônia no consumo, fatores determinantes na eficiência da reconstrução. Entretanto, passados os efeitos mais imediatos da derrota na guerra, a Alemanha continuou demonstrando elevada taxa de eficiência técnica e econômica nos investimentos públicos, nos serviços do governo e no funcionamento do sistema produtivo privado. Com isso, o país consolidou-se como produtor de bens e serviços de qualidade, alta produtividade do trabalho e invejável padrão de bem-estar social.

A disciplina alemã, que se tornou objeto de admiração do mundo, continua contribuindo para a eficiência e o sucesso nacional, e é exemplo a ser observado. No caso brasileiro, tanto a disciplina como a eficiência estão longe de serem suficientes para promover o crescimento econômico e o desenvolvimento social do país. Se forem somados os índices de corrupção, tem-se aí uma boa pista para explicar por que o Brasil continua tão pobre e com péssimos indicadores sociais.

Em sentido geral, a falta de eficiência tanto no setor público quanto no setor privado é grande – embora ela pareça ser mais elevada no governo, ainda que dados exatos não existam –, e isso tem levado o Brasil a jogar no lixo parte da renda nacional. Assim, o desperdício de recursos naturais, de trabalho humano e de dinheiro público – resultante de indisciplina, de ineficiência e de corrupção – é um dos fatores responsáveis pelo atraso brasileiro e, por consequência, pelo baixo padrão de bem-estar social de grande parte da população.

A sociedade brasileira tem desafios econômicos e sociais imensos, que não serão vencidos se não houver progresso na educação, nos costumes e na ética social, pois estes interferem na produção, na produtividade e na distribuição da renda. O atraso tem causas mais profundas do que apenas os indicadores econômicos.

Veja aqui a matéria extraída da Gazeta do Povo