Mal do consumismo
O mal que o consumismo faz
Em 30 anos, quem gasta R$ 20 por dia em “besteirinhas” desperdiça valor equivalente ao de um apartamento novo. Veja dicas para evitar essas perdas.
Publicado em 14/05/2013 | LANA CANEPA, ESPECIAL PARA A GAZETA DO POVO
Será que você consegue se controlar com dinheiro na mão? O ato de consumir deve ser planejado, alertam os especialistas. A decisão de compra deve ser baseada em real necessidade, bom preço e oportunidade. Sem perceber, o consumidor acaba caindo em armadilhas que estimulam o consumo cego. Em um supermercado, por exemplo, tudo que o comerciante quer é que você se perca bastante antes de achar o que precisa, entre com bastante fome e se sinta em casa. Carrinho cheio é garantia de lucro no final do mês.
Quem gosta de desperdiçar trocados soltos no bolso, cuidado: o consultor financeiro, Raphael Cordeiro avisa que o efeito pode ser devastador. “Aquelas pessoas que gastam, à toa, R$ 20 por dia, desperdiçam em um mês, sem considerar fim de semana, R$ 400. Dá para pagar a prestação de um carro popular financiado. Em trinta anos, esse gasto inocente poderia ter custeado a compra de um apartamento de R$ 400 mil”, afirma o especialista.
O primeiro passo é reconhecer qual é a sua fraqueza e se defender dela. Se compra demais, deixe o cartão em casa. “Para comprar bem eu gosto de sugerir que as pessoas tenham dois cartões de crédito. Um com limite maior, para deixar em casa, e outro com o limite menor, para carregar consigo. Gastou todo o limite menor, vai pra casa sem comprar. Mas se tiver emergência ou viagem tem aquele cartão guardado”, complementa Cordeiro.
Outra dica é controlar as emoções. Quando estiver em um dia ruim, não desconte no cartão de crédito – a probabilidade de se arrepender logo depois da compra é enorme. O reflexo das compras emocionais geralmente aparece nas semanas seguintes às datas comemorativas. “Para mim quase todo endividamento financeiro é decorrência de endividamento afetivo: a pessoa se sente culpada porque não tem sido o filho que a mãe merece, por exemplo”, afirma a psicóloga Márcia Tolotti, autora do livro Armadilhas de consumo (editora Campus/Elsevier, 216 páginas, R$ 40).
Parcelamentos
Também é preciso ter o mínimo possível de contas parceladas. Para a escritora, o brasileiro parcela por uma questão cultural, não gosta de fazer planejamento “Afinal, não tem diferença, se você tem dinheiro para pagar a parcela, junte esse dinheiro e compre com desconto à vista, mas para isso tem que planejar”, conclui Tolotti. Mesmo porque perder o controle do orçamento mensal pode custar muito mais caro. Para os mais crentes, recomenda o consultor, carregar uma foto do sonho na carteira ajuda. “Se você quer comprar aquele carro ou terminar de pagar a faculdade do filho é bom se lembrar disso na hora em que abrir a carteira, uma forma de elevar a consciência para os objetivos maiores”, diz Cordeiro.
Para não entrar no vermelho
Conheça algumas orientações de especialistas em finanças para controlar o impulso consumista:
Depois de pagar as contas e juntar parte (20%) do salário, saiba quanto realmente pode gastar por mês;
Fuja das emoções, quem está realmente feliz não se endivida;
Quer dar aquele super presente? Antecipe-se às datas comemorativas, compre na promoção e guarde o presente;
Merecimento não pode ser usado como desculpa. “Eu mereço, minha mãe merece. A gente mesmo monta essa armadilha e cai. Você merece mesmo comprar coisas boas, mas sem entrar no vermelho”, afirma a psicanalista Márcia Tolotti.