Sergio Lamucci, de São Paulo (Valor Econômico)
02/03/2010

O consultor Gil Castello Branco, da Contas Abertas, diz que o aumento dos investimentos no primeiro bimestre é expressivo Os investimentos do governo federal cresceram bastante no primeiro bimestre, empurrados pelo calendário eleitoral e pelo aumento de gastos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). No período, eles somaram R$ 4,306 bilhões, 82,3% a mais do que os R$ 2,361 bilhões gastos entre janeiro e fevereiro do ano passado, em valores corrigidos pela inflação. Do total investido, 84% se referem aos chamados “restos a pagar”, recursos que sobraram do exercício fiscal anterior, normalmente associados a obras em andamento. Os números são da organização não governamental Contas Abertas, com base em dados do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi). O consultor Gil Castello Branco, da Contas Abertas, diz que o aumento dos investimentos no primeiro bimestre é expressivo, levando-se em conta que houve uma alta de mais de 80% acima da inflação sobre um número que já havia sido recorde para o período desde 2001. Segundo ele, o fato de haver eleições presidenciais neste ano joga um papel importante nesse processo. “Em anos eleitorais, os governos tentam antecipar ao máximo os investimentos para o primeiro semestre”. No primeiro bimestre de 2006 – ano de eleições presidenciais -, as inversões da União foram 68,5% maiores que as do igual período de 2005, em termos reais. A legislação impede que o governo contrate novas obras a partir de julho – depois disso, só é permitido gastar com aquelas em andamento. Para o economista Nelson Marconi, professor da FGV-SP e da PUC-SP, o aumento significativo dos investimentos se deve ao fato de que o PAC parece ter deslanchado e ao calendário eleitoral. No primeiro bimestre, os gastos com obras do PAC totalizaram R$ 2,267 bilhões, 122% a mais que o R$ 1,021 bilhão do mesmo período de 2009, segundo números da Contas Abertas. Marconi vê uma boa notícia no resultado das inversões, mas ressalta que seria importante a contenção dos gastos correntes (como pessoal, aposentadoria e custeio da máquina) para que os investimentos possam avançar ainda mais nos próximos anos.