As empresas não crescem para sempre. A velocidade das mudanças no mundo moderno introduziram a incerteza como fator preponderante na sociedade em que vivemos. Esta incerteza reduz o tempo de reação, e o sucesso depende cada vez mais da adaptabilidade a estas mudanças.

 Estamos testemunhado, nos últimos anos, o uso indiscriminado do PDCA (Plan-Do-Check-Act) como instrumento de transformação empresarial. Obviamente, o PDCA é adequado para o alcance de melhorias nos processos internos, inovação incremental em produtos e redução de custos, mas não consegue capturar o que acontece fora do modelo científico, ou seja o comportamento dos mercados, de consumidores e de colaboradores.

O PDCA está baseado em um método científico, foi desenvolvido por Walter Shewhart baseado no trabalho Novum Organum (1620) de Sir Francis Bacon, e aprimorado por William Edwards Deming, que foi amplamente reconhecido pela melhoria de processos produtivos durante a 2ª Guerra Mundial, sendo, porém mais conhecido pelo seu trabalho no Japão. A partir de 1950 Deming ensinou altos executivos japoneses como melhorar projeto, qualidade de produto, teste e vendas através de vários métodos, incluindo a análise de variantes e teste de hipóteses. Tornou-se notório pela fabricação de produtos inovadores e de alta qualidade.

A possibilidade de adaptação das empresas não pode estar baseada em processos estatísticos como sugere o PDCA. Líderes precisam estar prontos para tomar decisões e agir de forma rápida e eficiente a fim de minimizar quaisquer impactos negativos na “performance” e sobrevivência das empresas.

O verdadeiro poder de um líder não está calçado no seu conhecimento dos processos internos, na sua capacidade de inovação incremental e no controle e/ou redução de custos, e sim na sua habilidade de antever mudanças no comportamento dos mercados e agir sobre a cultura da empresa a fim de promover sua transformação, visando adaptá-la às necessidades de um novo tempo.

O líder precisa parar de ouvir o que quer escutar e afastar-se o suficiente do dia a dia da empresa para enxergar o cliente e/ou consumidor em sua vida, em sua cultura. O escopo e a escala das mudanças nos dias atuais tornaram-se inimagináveis e a volatilidade idiossincrática é a assinatura de nossa era econômica. O posicionamento estratégico depende desta leitura e interpretação. A cultura pode ser rápida ou lenta, pode transformar-se em uma vantagem ou desvantagem competitiva.

Quando os membros de uma organização são confrontados com o novo, e a empresa continua operando dentro de regras de comportamento pré-estabelecidas, invariavelmente nada mudará e a empresa perderá competitividade, e consequentemente deixará de existir.

O confronto impulsiona a organização para longe de sua área de conforto e as tensões e instabilidade geram soluções inovadoras. Acreditamos que as principais questões a serem respondidas em qualquer processo de mudança são as seguintes:

a) Quais os valores que são críticos na implementação e uma nova estratégia?

b) Para cada valor, quais são os comportamentos esperados?

c) Para cada comportamento, quais são as alavancas que podem ser usadas para reforçar estas atitudes e comportamentos?

O PDCA morreu? Diríamos que não, mas tornou-se coadjuvante no processo de renovação empresarial. Vão sobreviver, progredir e se destacar aqueles que estiverem mais antenados às mudanças, e que forem capazes de promover transformações de forma criativa e estratégica adaptando-as aos novos tempos.

Por Jose Ruy Alvarez Filho