23/09/10 – 00:00 > FINANÇAS
Crédito para empresas cresce a R$ 868 bilhões
Para Alcides Leite, economista professor da Trevisan Escola de Negócios, alguns fatores colaboraram muito para o aumento do crédito. “Acredito que a redução dos juros para o consumidor, o aumento da renda e o crescimento dos investimentos com expansão da economia tenham colaborado para a alta”.
O economista revela que prevê um crescimento da oferta de crédito nos próximos meses. “Aposto no crescimento e acho que as eleições de 2010 não influenciarão o crescimento econômico brasileiro”, afirma.
Os recursos direcionados -crédito destinado, na sua maioria, pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)- finalizaram o mês de agosto com uma oferta de R$ 346,6 bilhões, com crescimento de 31,9% em 12 meses e alta de 3,8% no mês passado.
“O que possibilitou este crescimento foi a forte oferta de crédito colocado no mercado pelo BNDES, por crédito habitacional e por crédito agrícola”, explica o professor da Trevisan.
Por parte dos recursos livres, o aumento foi de 11,9% nos últimos 12 meses e de 1,7% em agosto, finalizando o período com volume financeiro de oferta no valor total de R$ 521,5 bilhões. “Isso é reflexo do aumento da renda e da taxa de juros”, acrescenta Alcides Leite.
O volume total de crédito, tanto para pessoa física quanto para pessoa jurídica, encerrou agosto em R$ 1,582 trilhão, o que corresponde a crescimento de 19,2% em 12 meses. No mês passado, o aumento do saldo em carteira nas instituições financeiras foi de 2,2%, enquanto no acumulado do ano o percentual de crescimento de 11,9%.
O BC refez as contas e passou a prever que os bancos públicos devem novamente liderar a expansão do crédito em 2010. As projeções mostram que a previsão de elevação da carteira das instituições financeiras estatais subiu de 20% para 24% no ano.
Ao mesmo tempo, foi revisada para baixo a expectativa de expansão da carteira de crédito das instituições financeiras privadas nacionais, de 24% para 22%. Dessa forma, os bancos privados nacionais, que liderariam o mercado até a previsão anterior, foram ultrapassados pelos públicos. A previsão do BC para o crescimento das carteiras de crédito das instituições estrangeiras subiu expressivamente, de 9% para 14%.
Durante a crise financeira iniciada em setembro de 2008, os bancos estrangeiros foram os que mais contraíram a oferta de crédito pela falta de liquidez nos mercados internacionais. Com o aumento da aversão a risco, essas instituições cortaram a oferta de crédito nas sedes e também nas subsidiárias. No mercado brasileiro, essa retração foi compensada pela ação mais agressiva dos bancos públicos.
Crédito x PIB
O professor de Economia da Trevisan ressaltou que o volume de crédito no sistema financeiro nacional atingiu 46,2% do Produto Interno Bruto (PIB). “Chama a atenção a evolução do crédito habitacional, que cresceu 51% nos últimos 12 meses, atingindo R$ 120,6 bilhões, ou 3,5% do PIB”, destaca Alcides Leite.
Alcides lembra que “embora o volume de crédito continue crescendo, ele ainda é bastante inferior à aquele concedido nos países desenvolvidos, que ultrapassa 100% do PIB”.
O crédito habitacional no Brasil também é ainda muito baixo. Em países com desenvolvimento econômico semelhante, como, por exemplo, Chile e México, este crédito ultrapassa 15% do PIB. “Vemos, portanto, que há ainda muito espaço para o crescimento do crédito no Brasil, em todas suas modalidades. Os altos juros são o maior obstáculo a este crescimento”, finaliza o professor.