Por LESLIE KWOH
Algumas companhias estão adicionando um novo executivo à sua cúpula: o diretor de diversidade.
Com a missão de criar um ambiente de trabalho onde mulheres e minorias possam florescer, o diretor de diversidade geralmente tem funções híbridas, que incluem recrutamento, recursos humanos e marketing, assim como garantir a aderência à ética e às leis.
Possuir uma força de trabalho diversa é, sem dúvida, bom para a imagem da companhia, e alguns dizem que pode também ter um impacto mais profundo ao reduzir a rotatividade de empregados, incentivar inovação e atrair novos negócios.
A Schnader Harrison Segal & Lewis LLP, uma firma de advocacia da Filadélfia com 400 empregados, informou que criou a posição de diretor de diversidade depois de reconhecer que tinha dificuldades para reter talentos oriundos das minorias, antes que eles atingissem posições de alto nível.
Alguns foram atraídos por escritórios maiores tentando aumentar diversidade das suas próprias forças de trabalho, mas outros simplesmente não viam nenhuma oportunidade de avançar na organização, disse David Smith, o diretor-presidente da firma.
Ainda que não houvesse nenhuma estrutura rígida, os advogados da firma — na sua maioria homens brancos — estavam inconscientemente escolhendo trabalhar com outros homens brancos como eles, disse Smith.
A firma selecionou para o cargo um dos seus próprios sócios, um advogado afro-americano especializado em legilação financeira, cujas responsabilidades agora incluem recrutar novos talentos, desenvolver programas de mentores e monitorar o fluxo de trabalho na empresa para garantir que as tarefas estão sendo distribuídas de forma justa. Smith espera que o recrutamento se traduza em aumento da diversidade até o final do primeiro trimestre.
Outras empresas veem a diversidade como um motor para inovação. A fabricante de aquecedores e equipamentos de ventilação Rand PLC criou a função do diretor de diversidade, no começo do ano passado, para ajudar a cultivar mais líderes entre as minorias, na esperança de que eles impulsionem o seu crescimento em mercados estrangeiros.
A diretora de diversidade Neddy Perez está se preparando para lançar redes de empregados para mulheres, afro-americanos e veteranos de guerra na América do Norte. Na Europa, ela está começando um programa de treinamento de liderança de um ano com 12 empregadas escolhidas a dedo.
Cerce de 60% das empresas do ranking das maiores companhias de capital aberto do mundo da revista “Fortune 500” têm, atualmente, um diretor de diversidade ou um executivo com as mesmas funções, de acordo com um estudo recente conduzido pela Heidrick & Struggles, uma firma de recrutamento de executivos. Entre eles, 65% são mulheres e 37% afro-americanos. Eles possuem uma fomação variada, desde recursos humanos até marketing, passando por finanças e operações.
Muitos diretores de diversidade ganham salários compatíveis com outras posições de alto nível na empresa, como diretor de marketing ou diretor jurídico. Dependendo do tamanho da companhia, eles podem também gerenciar sua própria equipe e orçamento, o qual pode variar de US$1,5 milhão a US$5 milhões nas empresas maiores, diz o sócio da Heidrick & Struggles Billy Dexter, que já foi diretor de diversidade da MTV Networks, uma empresa do conglomerado de mídia Viacom Inc.
“O título de diretor dá mais estatura à posição, sem dúvida, mas a verdadeira mensagem é que se trata de uma iniciativa vital para a empresa”, diz Dexter.
Mas nem todos os diretores de diversidade são criados iguais. Apenas um quarto deles reporta diretamente para o diretor-presidente, com o restante subordinado a algum departamento, como o de recursos humanos, de acordo com um estudo recente feito pelo Instituto para a Produtividade Corporativa, uma organização de pesquisas. Ter uma linha direta para a cúpula pode dar ao diretor de diversidade mais poder e visibilidade, diz Kevin Oakes, o diretor do instituto.
Quando a Pricewaterhouse Coopers LLC nomeou seu primeiro diretor de diversidade nove anos atrás, o executivo trabalhava sob o guarda-chuva do departamento de Recursos Humanos. Agora, o cargo se reporta diretamente ao presidente do conselho e sócio sênior Bob Moritz. A PwC faz rodízio entre seus sócios no cargo a cada dois anos. A estrutura dá à posição credibilidade e responsabilidade, diz Maria Moats, uma sócia de auditoria que recentemente se tornou a quinta executiva a assumir o cargo na firma. “Todo mundo na firma sabe quem é o diretor de diversidade”, diz ela.