Por KATE LINEBAUGH (WSJ)
Quantos empregados são necessários para trocar uma lâmpada? Não tantos como antes.
E é essa diferença que está incentivando empresas como as redes de varejo Wal-Mart Inc. e GNC Corp. e a de hotéis Caesars Entertainment Corp. a comprarem novas lâmpadas mais avançadas.
As lâmpadas à base de diodos emissores de luz, ou LEDs – semicondutores que produzem uma luz brilhante quando carregados de eletricidade –, duram dez vezes mais que as lâmpadas convencionais – ou seja, resultam em menos escadas bloqueando os corredores dos supermercados, ou feios andaimes erguidos nos saguões de hotéis, com operários trocando lâmpadas queimadas. Como a economia de energia ainda não é suficiente, em alguns casos, para cobrir o custo mais elevado das novas lâmpadas, é o menor custo de manutenção que está gerando vendas.
“Pense em um poste de luz de um estacionamento, com seis a 12 metros de altura. É preciso um caminhão com guindaste e um eletricista para trocar as lâmpadas a cada dois anos. Agora estas novas vão durar de 10 a 12 anos”, disse Charles Zimmerman, vice-presidente da Wal-Mart para projetos e construções internacionais. “O grande retorno é na manutenção.”
Consumidores pessoas físicas podem economizar usando lâmpadas fluorescentes compactas em suas luminárias. Mas para aplicações comerciais especializadas, como refrigeração, estacionamentos e iluminação de grandes saguões, a resposta é a tecnologia LED, segundo algumas empresas.
As lâmpadas de LED chegam a custar 20 vezes mais do que as convencionais, mas a economia de energia é uma parte importante da equação. A iluminação pode representar um terço dos custos de energia de uma grande loja, e as lâmpadas de LED podem reduzir a conta da iluminação em três quartos.
No entanto, um estudo de caso de 2009 feito pelo Departamento de Energia dos Estados Unidos em um estacionamento da Wal-Mart em Leavenworth, no Estado de Kansas, mostra que a economia de energia, por si só, pode não justificar o custo da mudança.
O ministério comparou as lâmpadas de LED com outras típicas de estacionamentos e concluiu que o custo das lâmpadas de LED, mais as contas de energia durante dez anos foi maior do que com as lâmpadas do tipo antigo.
Essa proporção vai mudar à medida que cair o custo das lâmpadas de LED – que já caiu 30% desde 2009 – mas por enquanto, é a redução nas despesas de manutenção que está permitindo às empresas recuperarem o investimento inicial em menos de três anos, um prazo crucial para os contadores.
“Em vez de substituir uma lâmpada sete vezes por ano, agora estamos falando em não encostar a mão nas lâmpadas durante quatro ou cinco anos”, disse Eric Dominguez, diretor de serviços energéticos do Caesars Entertainment. Os operários encarregados da troca podem ser transferidos para outras tarefas, diz Dominguez.
Trocar as lâmpadas ficou mais complicado do que se imagina pelas piadas da série “Quantos… são precisos”, dizem os donos de lojas, especialmente dentro de freezers e de cartazes luminosos, que podem exigir técnicos especalizados. No Hotel Intercontinental de San Francisco, com 33 andares, trocar uma lâmpada pode custar cerca de US$ 50. Levando em conta a longa vida das lâmpadas, o hotel achou vantajoso o investimento inicial na mudança para as LEDs, disse Harry Hobbs, diretor de engenharia do hotel.
“Isso me permite ser mais eficiente na utilização dessa mão de obra”, disse Hobbs.
As LEDs evoluíram desde seu nascimento como pequeninas luzes indicadoras em aparelhos como cafeteiras, passando a iluminar a tela dos celulares e até os outdoors em Times Square. A difusão do seu uso na iluminação geral em lojas e residências tem sido freada pelos preços altos, baixa qualidade da luz e cores não atraentes.
Isso está começando a mudar. O preço das LEDs está caindo, em um momento em que as empresas e os municípios estão em busca de tecnologias para redução de custos, devido ao aperto nos orçamentos e aumento nos gastos com energia. O departamento de energia dos EUA prevê que o preço das lâmpadas LED vai cair em cerca de 30% ao ano até 2015, ou seja, até o final da década essas lâmpadas custarão um décimo do que custavam no ano passado.
Um relatório recente da consultoria McKinsey & Co. estima que a participação das LEDs no mercado total de iluminação vai crescer de 10% em 2010 para 40% em 2016, gerando faturamento de 40 bilhões de euros (US$ 53 bilhões).
“Estamos apenas nos estágios iniciais da adoção em massa”, disse Steve Briggs, executivo de iluminação da General Electric Co.
Um ano atrás, a cadeia de lojas de materiais de construção e decoração Home Depot Inc. introduziu uma lâmpada de LED que emite tanta luz quanto uma lâmpada incandescente de 40 watts – mas custava a exorbitante quantia de US$ 21 cada. Hoje essa lâmpada é vendida por US$ 9,97.
A Home Depot, maior vendedora de lâmpadas dos EUA, informou que as vendas das LEDs no ano passado superaram suas expectativas de vendas para 2013. No mês passado um corte no preço fez as vendas das LEDs dobrarem, disse Bill Hamilton, vice-presidente de merchandising de produtos elétricos da Home Depot.
No mês passado, a Wal-Mart abriu sua primeira loja nos EUA totalmente iluminada com LEDs. A maior rede mundial de varejo passará a utilizar apenas LEDs no estacionamento de suas novas lojas no mundo todo. A GNC Holdings Inc. e a Starbucks Corp. já converteram para LEDs toda a iluminação de suas lojas.
Como resultado da legislação aprovada em 2007 nos EUA, a partir do próximo ano as lâmpadas para finalidades genéricas terão que ser pelo menos 25% mais eficientes do que as que utilizam a tecnologia incandescente convencional, inventada por Thomas Edison em 1879. A maioria das lâmpadas incandescentes de hoje vai ser extinta até 2014 nos EUA e substituída por alternativas mais eficientes.