PORTUGUESE – Updated April 4, 2012, 2:44 p.m. ET
Por PAULO WINTERSTEIN , de São Paulo (WSJ)
Mas rapidamente surgiram críticas de que as medidas são apenas remendos temporários que não atacam problemas estruturais mais profundos.
A indústria brasileira sofre com uma mão-de-obra cara e uma carga tributária pesada, bem como uma infraestrutura ruim, problemas que pioraram nos últimos anos por causa da valorização do real frente às moedas de seus maiores parceiros comerciais. A produção industrial está em queda há quase um ano e sua participação no produto interno bruto tem encolhido nos últimos anos.
A produção industrial brasileira nos 12 meses encerrados em fevereiro registrou queda de 1%, segundo dados oficiais divulgados terça-feira, embora já haja alguns sinais de recuperação.
“O governo está lançando essas novas medidas para fortalecer a economia brasileira e garantir o crescimento sustentável no país, e em resposta aos problemas criados pela crise mundial”, disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
O governo destacou os problemas causados pela alta da moeda, culpando os países desenvolvidos por instituírem políticas de dinheiro fácil para enfrentar suas crises financeiras e econômicas. O Brasil argumenta que os Estados Unidos e a Europa desvalorizaram suas moedas para impulsionar as exportações — uma alegação que o ministro da Fazenda voltou a fazer na terça-feira.
“Não podemos ficar apenas assistindo e não fazer nada para reagir à manipulação e ao protecionismo disfarçado praticado por outros países”, disse Mantega.
Os setores a se beneficiarem dessa nova ajuda do governo — que pode custar até US$ 33 bilhões aos contribuintes — são o têxtil, o de couro e sapatos, móveis, plásticos, equipamentos elétricos, autopeças, montagem de ônibus, a indústria naval e aeroespacial, a de maquinário de bens de capital, hotéis, informática, centros de atendimento e desenvolvimento de microchips.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Social, BNDES, prometeu apoiar os setores com subsídios maiores nos seus empréstimos e prazos mais longos. Os incentivos do BNDES beneficiam principalmente as montadoras, a produção de bens de capital e para exportação, mas também criam meios de motivar empresas a investir em tecnologia.
“Queremos mais investimento, mas com mais qualidade”, disse o presidente do BNDES, Luciano Coutinho.
As montadoras receberam atenção especial, já que o governo está preocupado com a invasão dos importados dos últimos anos. O Brasil se tornou o quarto maior mercado automotivo do mundo em vendas e o governo criou recentemente barreiras à importação, numa tentativa de fomentar o investimento na indústria nacional.
A indústria brasileira seria mais beneficiada por uma redução geral nos impostos e incentivos ao investimento, em vez dos “estímulos fiscais pontuais e das medidas de proteção ao comércio” anunciadas terça-feira, disse o Goldman Sachs num relatório de análise.
Paulo Skaf, presidente da Federação da Indústria do Estado de São Paulo e crítico contumaz do governo, disse que as medidas não resolvem problemas mais profundos. “São medidas que ajudam, mas não fazem tudo que é necessário para solucionar o problema de competitividade do país”, disse Skaf. O custo da energia é muito alto no Brasil, apesar de 80% dela ser gerada em hidrelétricas, que é geralmente o tipo mais barato, disse ele. “Não há nenhuma medida para reduzir isso”, disse Skaf.
O líder sindical Paulo Pereira da Silva chamou as medidas de “tímidas e insuficientes”. Silva disse: “O governo prometeu um pacote de medidas, mas eles vieram com um pacotinho”.