Modelo alemão de empresa serviu de inspiração para técnicos do ministério
Como um país com largo parque industrial consegue ser competitivo no mercado internacional mesmo com uma taxa de câmbio valorizada e onde os salários dos operários são elevados? Foi essa curiosidade, baseada no caso da Alemanha, que fez com que técnicos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) procurassem explicações no modelo de política industrial adotado pelo governo alemão. “O euro é uma moeda valorizada e a Alemanha conta com os maiores salários da União Europeia, e mesmo assim é das principais potências exportadoras do mundo”, afirma o ministro Aloizio Mercadante. “Se é complexo o combate ao real valorizado e nossos salários estão subindo, e devem continuar em alta, tínhamos de encontrar uma alternativa para não deixar o saldo comercial concentrado em produtos básicos”, diz.
O papel desempenhado pela Fundação Fraunhofer no incentivo à inovação industrial na Alemanha passou a ser a força motriz por trás dos trabalhos no ministério. Responsável por 60 institutos de pesquisa e inovação tecnológica voltada para a indústria, a Fraunhofer desenvolve desde novos designs para produtos já existentes, a “atualização” de métodos produtivos.
Para contratar um serviço da Fraunhofer, a fábrica entra com um terço dos recursos – o restante é dividido pela fundação e pelo Estado alemão. Modelo parecido será adotado pelo governo brasileiro na Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), a ser criada em um mês.
Uma das primeiras medidas de Mercadante quando assumiu o ministério em janeiro foi definir o envio de quase 400 estudantes brasileiros à Fraunhofer. O ministério realizará seminário neste mês, em Brasília, com a Fraunhofer, quando deve anunciar e explicar o modelo de funcionamento da Embrapii.
Um dos técnicos recém-contratados pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Jefferson Oliveira, novo diretor de tecnologia da entidade, fez seu doutorado pela Fraunhofer. Também coordenador do Centro de Competência em Manufatura do Instituto Tecnológica da Aeronáutica (ITA), Oliveira é um dos auxiliadores do presidente do Senai, Rafael Lucchesi, nas discussões envolvendo a criação da Embrapii. (JV)