03/02/2012 08h15 – Atualizado em 03/02/2012 11h16
Ocupação chega a quase 70% e país deve ganhar mais 30 hotéis este ano
Taxa média de ocupação de hotéis em 2011 foi a maior desde 2005.
RJ lidera novos investimentos; até 2014, cidade deve ganhar 25 hotéis.
Copacabana (Foto: Bernardo Tabak/G1)
A taxa de ocupação média nos hotéis do Brasil cresceu 2,7% em 2011 e fechou o ano em 69,14%, segundo dados do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB) antecipados ao G1. De acordo com o balanço da entidade, que reúne os maiores operadores hoteleiros do país, trata-se da maior taxa de ocupação já registrada desde o início do levantamento, em 2005. A melhor taxa até então tinha sido a registrada em 2010, de 67,29%.
Para atender a essa demanda, a diretora-executiva do FOHB, Ana Maria Biselli, estima que mais de 30 hotéis, com uma oferta adicional de 5 mil apartamentos, sejam inaugurados pelos associados do fórum já em 2012.
“O setor de hotelaria vive um momento muito positivo, principalmente no segmento corporativo, apresentando excelentes resultados, o que acaba refletindo em lançamentos de novos projetos”, afirma.
Até 2014, as redes associadas ao FOHB projetam um crescimento de mais de 30% na oferta de quartos. Segundo a última projeção do fórum, feita no final de 2011, até o final de 2014 deverão ser abertos 165 novos hotéis no país, o que representará uma oferta adicional de 27 mil apartamentos.
Diária e faturamento
O balanço mostra que a diária média no país aumentou 15,9% na comparação com o ano anterior, de R$ 181,36 para R$ 210,11. A receita por apartamento disponível (Revpar, índice de rentabilidade obtido pelo cruzamento da diária média com a ocupação) teve alta de 19%.
O faturamento das 25 redes associadas ao FOHB, que juntas respondem por 542 hotéis e mais de 85 mil apartamentos – cerca de 40% do mercado -, somou R$ 5,34 bilhões em 2011, alta de 22% ante 2010. Para 2012, o fórum trabalha com o cenário de manutenção do aquecimento econômico, com receita de R$ 6,4 bilhões e alta da taxa de ocupação entre 2% e 3%.
Investimentos
O crescimento do turismo no país a proximidade de eventos internacionais de grande porte como Copa do Mundo e Olimpíadas tem aberto um novo ciclo de investimentos no setor hoteleiro.
Só a rede Accor, que reúne as marcas Sofitel, Pullman, Novotel, Mercure, Ibis e Formule 1, tem prevista a abertura de 14 empreendimentos neste ano. A Allia Hotels prevê a inauguração de três novos hotéis em 2012. As redes InterCity, InterContinental Hotels e BHG anunciam que cada um dos grupos abrirão dois novos hotéis. (Confira fotos de hotéis previstos para 2012).
RJ lidera investimentos
O Rio de Janeiro é o estado com o maior número de novos empreendimentos previstos pelo para os próximos anos. Dos 165 novos hotéis previstos pelo FOHB até 2014, 25 estão no RJ, 20 em Minas Gerais, 16 em São Paulo e 14 no Rio Grande do Sul. Na sequência, aparecem Bahia e Pará, com 12 projetos cada um.
Para este ano estão previstas na cidade do Rio as inauguração de um Ibis e de um novo hotel da rede Windsor, ambos em Copacabana. Os projetos de maior investimento, porém, como o novo Hotel Glória, de Eike Batista, e os dois novos hotéis da bandeira Windsor, na Barra da Tijuca, têm inauguração prevista só para 2014.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio de Janeiro (ABIH-RJ), a estimativa é que até as os Jogos Olímpicos de 2016 sejam lançados 36 novos hotéis no estado, entre novas construções e reformas, sendo 17 deles na capital.
“Temos a meta de 10 mil novos quartos até as olimpíadas. Mas acreditamos que seja possível chegar a 12 mil, pois o Rio está com uma exposição que nunca teve e são muitas as redes interessadas em se instalar na cidade”, diz Alfredo Lopes, presidente da ABIH-RJ.
Problema de SP não é oferta, mas agenda, diz associação
A cidade de São Paulo, que no último ano enfrentou problemas de falta de quartos em hotéis, não possui inaugurações previstas para esse ano. O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Estado de São Paulo (ABIH-SP), Bruno Omori, destaca, porém, que até 2016 a cidade deverá ganhar ao menos mais 2.500 apartamentos, o que elevará a oferta para cerca de 45 mil quartos.
“Para este ano não fica nada pronto, mas temos em andamento a reforma do Cad’O’ro, um projeto para a região da Nova Luz e, hoje, praticamente 30% da oferta ou está fazendo retrofit ou melhorando as instalações”, afirma Omori.
Segundo o balanço do FOHB, a taxa de ocupação média da cidade de São Paulo em 2011 foi de 68,14%. Ana Maria ressalva, no entanto, que, considerando que a demanda do fim de semana costuma ser bem mais baixa, tal resultado representa uma ocupação acima de 90% em várias semanas do ano.
“Existe uma demanda latente, não atendida durante a semana, que acaba tendo que migrar para cidades vizinhas. Por isso, há espaço e necessidade de novos investimentos em São Paulo”, afirma a diretora, que lembra que o alto preço dos terrenos tem sido um obstáculo para o lançamento de novos projetos.
Para o presidente da ABIH-SP, entretanto, não há crise de oferta. “O problema de São Paulo é erro de agenda. O que é preciso é trabalhar melhor o calendário de forma que não ocorra de forma simultânea sete feiras e um show extra do U2, como ocorreu no ano passado”, afirma Omori.
Segundo ele, a oferta prevista de 45 mil quartos até 2014 será “mais do que suficiente” para atender o fluxo de turistas na Copa. “Joanesburgo recebeu a abertura da Copa com 15 mil quartos. Los Angeles, em 1994, tinha na época 30 mil. Se somarmos as cidades dentro de um raio de 100 km de São Paulo teremos uma oferta de 85 mil apartamentos”, diz.
Risco de superoferta
O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), Enrico Torquato, também acredita que a oferta adicional em construção será suficiente para os próximos grandes eventos internacionais que o país receberá. Segundo as projeções da ABIH , em todo o país existem atualmente cerca de 25,5 mil meios de hospedagem e 1,2 milhão de vagas.
“Ninguém constrói hotel pensando num evento de 40 dias. Os investimentos estão sendo feitos para atender principalmente a demanda interna, que nos próximos 7, 10 anos terá um acréscimo de mais 50 milhões de brasileiros que estarão na classe C e aptos para colocar o turismo na sua bolsa de consumo”, diz Torquato.
Apesar do bom momento da hotelaria, ele alerta para o risco de superoferta em algumas cidades. “Em Salvador, a rede já está reclamando de excesso de oferta”, diz o presidente da ABIH.
Levantamento do FOHB realizado no final de 2011 nas 12 potenciais cidades-sede da Copa do Mundo, identificou ‘risco relevante’ de superoferta em Salvador e em Manaus. Ou seja, nestas capitais, a estimativa é de redução na taxa de ocupação em 2015 ante 2014. O relatório também alertou para o risco de redução da rentabilidade em investimentos em Belo Horizonte, Brasília e Cuiabá.
Nas demais capitais, o risco foi considerado baixo. “Cidades como São Paulo, Rio, Curitiba e Fortaleza ainda se mostram com bastante potencial, com baixo risco de excesso de oferta”, avalia Ana Maria.