Serviço| 13 de abril de 2012 | 7h 10
Você já errou hoje? Saiba por que a falha é muito importante para vencer como empreendedor
Abrir um negócio próprio envolve riscos e por isso quase metade das empresas ainda fecha prematuramente.
Não são poucos os casos de empresários que fracassam. De acordo com Marcelo Aidar, coordenador-adjunto do centro de empreendedorismo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a mortalidade das empresas caiu. Mas ainda assim, quase metade dos negócios fecham as portas até o quinto ano de funcionamento. “A atividade empreendedora é de natureza arriscada”, confirma.
Mesmo assim, o que o empresário precisa ter em mente é que o erro faz parte do processo. E não há nada de errado com ele. “Precisamos aprender a louvar a falha”, resume Romero Rodrigues, fundador de uma das empresas mais inovadoras do País, o site Buscapé. De acordo com ele, não existem receitas prontas para o sucesso e os bons resultados surgem do planejamento, da ousadia e até dos erros.
A análise é referendada por André Martins, presidente do Grupo Jovens Empresários. “Há muitos jovens turrões, com uma tendência autoritária mesmo. Ele acha que ele criou, ele sabe, só ele conhece. Então, as coisas têm que ser feitas do jeito dele e pronto. Há casos em que isso pode dar certo, mas é claro que essa não é a regra. Muitos desses empresários vão quebrar a cara ao adotar essa postura. Mas o erro é válido, é preciso errar”, analisa.
A empresária Roberta Caruso, por exemplo, precisou falhar para dar certo no mundo dos negócios. Dona da Overland, uma pequena empresa que oferece hospedagem ao ar livre, Roberta consegue traçar um histórico preciso sobre sua trajetória como empreendedora do início da empresa até o momento.
“A ideia do negócio foi um grande acerto. Não tem nada parecido até hoje. Outro acerto foi trabalharmos com custo fixo bem pequeno”, analisa Roberta. Engana-se, porém, quem acredita que a trajetória empreendedora de Roberta foi suave. Ela enfrentou muitos problemas. O principal deles com sócios.
As irmãs Antonia e Lúcia Venâncio também erraram. Elas ignoraram o perfil do cliente quando decidiram abrir uma cafeteria. O local era caprichado, mas simplesmente não havia gente interessada em consumidor produtos no local. Mas as empresárias não desistiram. Identificaram o erro e decidiram abrir uma loja inovadora em São Paulo, a Preta Pretinha, que vende bonecas étnicas e faz bastante sucesso.
Por falar em erro, conheça cinco sinais de que a sua empresa vai mal
1)Problemas no fluxo de caixa
As vendas vão bem, os clientes estão satisfeitos, mas há alguns dias do mês em que a empresa fica sem dinheiro nenhum para pagar as contas ou fazer novas compras. “Isso normalmente é fruto de desorganização”, avisa Dariane Castanheira, professora do Programa de Capacitação da Empresa em Desenvolvimento da Fundação Instituto de Administração (Proced/FIA). “Mas também pode ser que a empresa esteja realizando muitas vendas a prazo.”
O que fazer: a lição básica é sincronizar os dias de recebimento com os dias de pagamento. Ou seja, casar a entrada e saída do dinheiro. Mas isso não basta. É preciso definir também qual o porcentual das vendas que poderão ser feitas a prazo ou instituir um valor mínimo para que a compra seja parcelada. Também é preciso considerar a margem de inadimplência para que o esquema não falhe.
2) Parceiros param de dar bola para a empresa
“Quando os fornecedores passam a impor muitas condições para vender para a empresa, é sinal de que eles não fazem mais questão de tê-la como cliente”, diz Dariane. Isso significa que a empresa perdeu prestígio, relevância ou apenas oferece condições de compra desvantajosas para seus parceiros. Os fornecedores estão sinalizando que podem elevar os preços ou simplesmente parar de vender para a empresa em breve.
“Quando os bancos também recusam um empréstimo, o empresário deve ficar atento. Isso mostra que a empresa tem ou pode vir a ter problemas financeiros”, alerta Castanheira.
O que fazer: Nada melhor do que ter uma conversa franca para tentar descobrir os motivos por trás da atitude de fornecedores e bancos. O empresário deve pedir para que eles falem sobre suas desconfianças e apontem as falhas que enxergam em seu negócio.
3) Aumento do número de reclamações dos clientes
Começa sempre bem devagar. Um cliente reclama de um pequeno problema no atendimento ou defeito no produto. A situação se resolve na hora. Daqui a alguns dias, outro tipo de queixa. Até que elas se tornam mais frequentes, por diferentes razões. “A empresa pode resolver problemas pontuais e demorar para perceber qual é o real motivo das reclamações”, analisa o consultor Vladimir Valladares, da V2Consulting.
O que fazer: Conversar com os clientes e tentar entender exatamente quais foram os erros ocorridos é o primeiro passo. Depois, é preciso questionar os funcionários e indagar também as suas razões. Mas nas duas conversas as perguntas devem investigar não apenas um caso específico, e sim situações mais amplas. O empresário deve se abrir para o diálogo, sem medo de críticas.
4) Queda de produtividade
“Isso ocorre quando os funcionários têm muito retrabalho, precisam repetir a mesma tarefa muitas vezes até que o resultado final seja satisfatório”, indica Valladares. “Outra forma de notar o problema é identificar que o uso de materiais aumentou mais do que a produção em si.”
O que fazer: o problema normalmente ocorre por falta de capacitação dos funcionários ou por sobrecarga de trabalho, que aumenta a quantidade de erros. No primeiro caso, a criação de processos claros, aliada a um programa de treinamento, pode ajudar a minimizar os erros. No segundo caso, a empresa deve aumentar seu quadro de funcionários ou melhorar os processos, deixando-os mais simples e mais claros. Caso não possa fazer isso, terá de assimilar a perda de qualidade.
5) Rotatividade alta
Mesmo com o mercado aquecido, as empresas devem ser minimamente capazes de manter seus quadros e evitar uma dança de cadeiras intensa. “Quando os funcionários duram muito pouco na empresa ou quando antigos colaboradores demonstram muita insatisfação, a coisa não vai nada bem”, avisa Valladares. “Os empresários precisam perceber que o problema nem sempre é dinheiro.”
O que fazer: É preciso sempre monitorar o clima da empresa. Em negócios de pequeno porte é ainda mais fácil fazer. O empresário deve manter um diálogo com os funcionários, circular pela empresa e se mostrar disposto a ouvir críticas e reclamações.