Esqueça os Brics, agora Carbs

BEN LEVISOHN

Será que os Carbs serão os novos Brics?

Pouco tempo depois de ser introduzido pelo Goldman Sachs, em 2001, o termo BRIC – acrônimo para Brasil, Rússia, Índia e China – estava na boca dos investidores no mundo todo. Desde então, os bancos de investimento e os gestores de fundos têm procurado novas siglas atraentes para investimentos.

A última invenção: Carbs (jogo de palavras em inglês com “carboidratos”). Em um relatório recente chamado “CARBS Make You Strong” (Os Carbs Fortalecem, numa tradução livre), o Citigroup afirma que Canadá, Austrália, Rússia, Brasil e África do Sul devem ser agrupados, pois seus mercados e suas moedas são particularmente sensíveis às oscilações no preço das commodities.

Assim, Carbs vem se unir aos Mints (uma brincadeira com a palavra em inglês para “balas de menta” que inclui Malásia, Indonésia, Nova Zelândia, Tailândia e Singapura), aos Civets, ou “almíscares” (Colômbia, Indonésia, Vietnã, Egito, Turquia e África do Sul) e aos Mist, ou “neblina” (México, Indonésia, Coreia do Sul e Turquia), entre os grupos com nomes inventivos. O conceito chegou a se alastrar para os mercados desenvolvidos: na terça-feira, Russ Koesterich, chefe de estratégia de investimentos do iShares, defendeu um novo acrônimo: Cassh, agrupando Canadá, Austrália, Cingapura, Suíça e Hong Kong.

A pesquisa acadêmica mostra que os apelidos que “pegam” ajudam a vender investimentos. Um estudo de 2006 descobriu que as ações com nomes na Bolsa que evocam palavras comuns em inglês, tais como LUV, BID, RIG e outros — superaram as demais em cerca de 8,5 pontos percentuais em seu primeiro dia de negociação, de 1990 a 2004. O motivo: Ao lidar com assuntos complicados, como investimentos, parece que as pessoas preferem os atalhos que simplificam as coisas.

“Isso cria um ‘rótulo’ mental que as pessoas lembram e então passam a agir” (com base nele), diz Richard Peterson, psiquiatra e diretor da firma de pesquisas MarketPsych Data.

Muitas novas siglas derivam da tentativa de simplificar os investimentos em mercados emergentes, tal como ocorreu com os BRICs. Mas a sigla BRIC simplesmente reuniu os quatro maiores países em desenvolvimento, enquanto as novas siglas usam todo tipo de critérios para definir a inclusão, desde a demografia e o tamanho da população até os níveis de endividamento.

Ainda não existe nenhum produto que possa ajudar a fazer um investimento nos Carbs. Mas as firmas já criaram outros produtos com base nas siglas e em outros temas. Por exemplo, os investidores podem comprar investimentos baseados nos Brics, como o fundo negociado em bolsa (ETF) MSCI BRIC da iShares, o BRIC ETF do Guggenheim ou o BRIC 40 ETF, do SPDR S&P. Em fevereiro, a Goldman Sachs Asset Management lançou o fundo N-11 (que inclui Bangladesh, Egito e Indonésia, entre outros), enquanto o HSBC anunciou em maio o lançamento do fundo CIVETS na Europa.

As siglas podem ser populares, diz Richard Bernstein, diretor-presidente da Richard Bernstein Advisors, “mas sempre que ouço uma delas, fico me perguntando qual parte da história não foi contada.”

Uma aposta melhor, diz Mark Luschini, estrategista chefe de investimentos da Janney Montgomery Scott, é manter uma boa alocação para mercados emergentes, como o Vanguard MSCI Emerging Markets ETF ou o iShares MSCI Emerging Markets Index ETF. “É importante para os clientes se expor aos mercados emergentes”, diz Luschini. “Mas para as pessoas físicas, prefiro que se mantenham a 10 mil pés de altitude.”

Outra opção: comprar quantidades iguais, em dólares, de ETFs separados de 18 mercados emergentes, diz Michael Dunn, chefe de pesquisas da TruColorCapital Management, evitando assim as alocações dos índices MSCI, que dão muito peso aos BRIC. (A República Checa, a Hungria e o Marrocos não têm ETFs próprios).

“Os Brics já foram reconhecidos”, diz Dunn. “Mas o melhor desempenho ao longo dos próximos 10 anos virá (de países) um nível mais abaixo.”