UBS quer fazer do Brasil base para negócios na AL
Em compasso de espera enquanto aguarda a licença do Banco Central para assumir a corretora Link e para operar como banco, o suíço UBS já se prepara para transformar o país em sua plataforma para outros negócios na América Latina. Dentro dessa estratégia, Daniel Mendonça de Barros, um dos fundadores da Link, assumirá o cargo de co-chefe de ações para a América Latina.
“Não estamos aqui só para ganhar mercado no Brasil. Queremos usar o país como um centro”, disse Yassine Bouhara, recém-nomeado presidente para países emergentes do UBS. É um cargo novo dentro do banco, que sempre dividiu seus mercados por regiões geográficas.
A mudança estrutural está relacionada com a visão do banco sobre de onde virão boa parte de seus ganhos daqui para a frente: dos países com alto potencial de crescimento. “Antes, os emergentes não tinham dinheiro. Agora, são investidores”, avalia Bouhara, que esteve no Brasil há duas semanas, em um roteiro que incluía passagem por diversos emergentes. “Os emergentes vão mandar dinheiro para os mercados maduros e movimentar recursos entre si.”
A estratégia de aumentar a posição em países emergentes se torna mais relevante diante do cenário que Bouhara traça para a economia na Europa. “É uma situação dramática. E não é uma questão de meses, e sim, de anos.”
O quanto os emergentes serão atingidos por esse quadro, Bouhara não sabe dizer, mas, para ele, será algo mais tênue. “O interior dos Estados Unidos é muito desenvolvido. Aqui não. Talvez em São Paulo esteja ficando mais fácil encontrar uma mesa num restaurante, mas no interior ainda há regiões que crescem a taxas chinesas.”
Diante de resultados financeiros fracos no segundo trimestre, o banco suíço anunciou que cortará 3.500 funcionários pelo mundo – cerca de 5% do quadro do UBS. Porém, segundo Bouhara, os emergentes devem passar praticamente ilesos. “Estamos contratando na China, na Índia, no Oriente Médio, na Rússia e na América Latina. Isso não mexe com nossa estratégia para o Brasil”, diz o presidente.
No Brasil, o UBS aguarda o sinal verde do Banco Central para assumir a Link e começar as atividades de banco. Com isso, o banco quer reconstruir suas bases no país, algo que deixou de ter em 2009, quando revendeu o banco Pactual ao banqueiro André Esteves.
Porém, sob o comando de Eduardo Centola, ex- Goldman Sachs, Bouhara diz que a instituição terá características diferentes da operação anterior. “O negócio que estamos desenvolvendo envolve muito menos recursos proprietários e mais dos clientes, como a Link funciona. E apostamos em plataformas eletrônicas de negociação”, afirma Bouhara, que por enquanto não informa qual será o capital do UBS no Brasil. Também estão no radar do UBS, segundo Centola, operações de renda fixa, commodities e moedas.